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     18/05/2024            
 
 
    

É amplamente reconhecido que a cadeia ranícola brasileira tem alta potencialidade de contribuir para a luta contra o desemprego e a miséria. Devido não apenas a seu reduzido custo de produção mas também a seu atraente preço de mercado, a rã tem despertado interesse de produtores rurais na busca de formas alternativas de diversificação produtiva no Brasil. A ranicultura, sendo rentável e pouco exigente em termos de investimentos financeiros iniciais, se revela uma atividade econômica e tecnicamente passível de realização em pequenas propriedades rurais e, portanto, vem se destacando como uma opção econômica aos produtores rurais que se encontram à margem das condições exigidas pela agricultura de grande escala. Um negócio econômico baseado em produtos e derivados de rãs passa a ser considerado como uma alternativa para complementar a renda de empreendedores rurais familiares.

No entanto, tem-se constatado na cadeia ranícola brasileira uma baixa disponibilidade de informações necessárias e adequadas para a entrada e permanência de empreendimentos familiares bem como para a ampliação de seus investimentos. Tal constatação foi abertamente levantada e amplamente comentada em 2010 por atores dos diferentes elos da cadeia ao longo de um seminário de treinamento em procedimentos tecnológicos desenvolvidos pela Embrapa Agroindústria de Alimentos para o processamento da carne de dorso de rã.

O seminário do qual constaram diversos participantes (pesquisadores, extensionistas, fornecedores, produtores, comerciantes e consumidores) foi realizado nos dias 21 e 22 de setembro de 2010 no Rio de Janeiro. Os debates ocorridos abordaram múltiplos gargalos (tanto como causas quanto como efeitos) relacionados ao problema da baixa disponibilidade de informações na cadeia ranícola brasileira. Entre esses, destacaram-se a escassez de estudos socioeconômicos, a dificuldade de acesso ao crédito, a lentidão do licenciamento ambiental, o engessamento do processo de cadastramento do produtor, a dificuldade de escoamento dos produtos e a insuficiência da assistência técnica.

As informações, consideradas fundamentais para a expansão da cadeia ranícola brasileira, são de ordem tecnológica, organizacional e mercadológica. Sua baixa disponibilidade se associa com a carência de dados técnicos oriundos de fontes idôneas, a falta de padronização nacional das diretrizes legais e a diminuição drástica nos últimos dez anos do número de associações, cooperativas e abatedouros. De acordo com depoimentos dos participantes, há uma evidente falta de divulgação de diversos aspectos produtivos e comerciais observados nos elos da cadeia.

No elo de fornecimento de insumos, não há ainda, no mercado, dieta específica para as rãs que, em razão deste fato, são alimentadas com ração extrusada de peixes carnívoros, com 40% de proteína bruta sem garantia de satisfazer adequadamente suas necessidades nutricionais. No que diz respeito à produção, há poucas informações disponíveis na literatura comparando os diferentes sistemas de criação existentes em relação ao desempenho zootécnico da rã-touro. A maioria dos ranicultores luta com a baixa produtividade de sua criação, promovida por instalações deficientes e manejos inadequados, que refletem em problemas sanitários. Quanto ao processamento, constata-se o baixo aproveitamento comercial da carne de dorso de rã que poderia estar sendo satisfatoriamente usada na produção de novos produtos alimentícios como conserva, salsicha e patê de carne de rã. Em relação aos elos de comercialização e consumo, a cadeia ranícola brasileira não se adapta ainda aos exigentes requisitos do consumo moderno tais como praticidade, rapidez, conservação, informação e customização.

A quase totalidade dos trabalhos (artigos em revistas indexadas, textos de divulgação, matérias jornalísticas, etc.) que compõem a literatura sobre a cadeia ranícola brasileira é elaborada com base em dados coletados na década de 90. Quando um empreendedor, interessado em investir na cadeia, busca informações e se depara com trabalhos considerados antigos, ele passa a ser desincentivado e desiste do desejo de investimento. No caso de um técnico atuando na cadeia, sua atitude frente ao arcaísmo da literatura é marcada pela hesitação em transmitir informações desatualizadas ao fornecedor, produtor, distribuidor e/ou consumidor envolvido na cadeia.

A necessidade de estabelecer estruturas e recursos voltados para promover a divulgação de informações na cadeia ranícola é evidente. Ela é bem aguda já que a grande maioria dos técnicos em atividade nas organizações de assistência técnica e extensão rural não tem conhecimentos e experiências na criação racional de rãs. O acesso do produtor a orientações e recomendações técnicas e organizacionais é bem reduzido.

Frente a essa situação, a Embrapa Agroindústria de Alimentos vem, desde abril de 2012, liderando a execução de um projeto intitulado “Construção de uma rede de interação e aprendizagem para a transferência de tecnologia na cadeia ranícola brasileira”. Com duração de 36 meses, o projeto tem por objetivo promover o desenvolvimento da cadeia ranícola brasileira por meio da implementação de um canal de integração, aprendizagem e colaboração entre pesquisadores, extensionistas, fornecedores, produtores, comerciantes e consumidores da cadeia ranícola brasileira.

Para alcançar tal objetivo, foi formada uma equipe técnica composta por pesquisadores e analistas de diversas organizações tais como a Embrapa Agroindústria de Alimentos (CTAA), a Embrapa Monitoramento por Satélite (CNPM), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (EMATER-RJ), o Instituto de Pesca de São Paulo (IP-SP), a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM) e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG). De acordo com o documento de concepção do projeto, suas atividades serão concentradas nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. Com tais atividades, espera-se não apenas capacitar extensionistas multiplicadores e mediadores, mas também treinar gerentes e operários de empreendimentos ranícolas.

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